Otto Carlos Kielblock

CADEIRA #06

O Acadêmico OTTO CARLOS KIELBLOCK (Letras) nasceu em Santos – SP em 1943 mas criou-se na capital, resultando isso na ambientação de alguns de seus romances.

Trabalhou como químico em uma importante multinacional no estado do Rio de Janeiro entre  1964 e 1990. Exerceu o cargo de supervisor em diversas fábricas da empresa e em setores administrativos .

Na área  desenvolvimento de pessoal, elaborou programas de treinamento, escreveu roteiros e dirigiu a produção de filmes.

Começou a escrever seus romances em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, onde reside desde 1990. Em 2004 publicou o livro “Thomas Sohn”, tendo lançado, no ano anterior,  nos meios teatrais sua peça “Andréa com M” e afirmou: “O objetivo de escrever livros tem sido despretensioso.

Sempre gostei de aventuras como as viagens que tenho feito desde a minha adolescência e diria que escrever um livro foi para mim uma aventura. Uma aventura literária…” Destina parte do seu tempo à pintura sobre tela e à fotografia; tem ilustrado livros ou redigido material técnico para empresas; e quando não está viajando, dedica-se à pesquisa histórica e literária,  redação e editoração gráfica.

Patrono: GODOFREDO DE LUNA

Foi considerado um dos maiores advogados da região.  Via-se logo que era uma personalidade querida e respeitada onde quer que estivesse exercendo sua profissão, pois advogava em sua terra natal e nas cidades vizinhas.

Nasceu no dia 30 de outubro de 1891 na então Vila de Santa Rita do Sapucaí em Minas Gerais. Filho de Antônio de Luna de nacionalidade italiana e Francisca Pereira de Luna natural de Santa Rita do Sapucaí.

Diariamente, em sua residência, recebia amigos e discutia, horas a fio, a situação do país, a atuação dos políticos e dos partidos em evidência. Era amigo íntimo do médico Dr. Antenor e no calor da discussão de ambos havia quem dissesse que “a conversa parecia briga”. Jovens advogados das faculdades do Rio, São Paulo e de Belo Horizonte – onde se bacharelou – vinham de longe percorrendo grandes distâncias para consultá-lo. Era uma figura imponente com seu metro e oitenta de altura, terno de linho e chapéu de palheta, em moda na época. Gostava de jogar pôquer no “Bar do Arnold” e de fumar – seus cigarros preferidos eram os da carteira dourada do CAMEL e os LIBERTY curtos. Era fascinado por livros de ficção e policiais tais como as publicações do popular X-9.

Mas prevalecia seu amor aos livros, fossem jurídicos, históricos ou romances em português ou francês, idioma do qual era profundo conhecedor, sendo a sua biblioteca um recanto de autores consagrados. Seus comentários sobre autores da atualidade eram de uma subtileza sem par.

Apreciador de óperas, além das canções italianas, não escondia elogios a Orlando Silva e Francisco Alves. De ar circunspeto tinha um humor que às vezes não sabia esconder. Nos carnavais era um admirador dos foliões que desfilavam nas praças e ruas da cidade e certa vez chegou a emprestar seu anel de advogado, – rubi e diamantes – ao chefe do bloco dos Democráticos, para que o colocasse no turbante de sua fantasia indiana. Assim era ele, desprendido das coisas que muitos julgavam importantes e sempre voltado às coisas da arte, do espírito e da intelectualidade. Aos 50 anos – acometido pela mesma doença de Humberto de Campos – retirou-se das lides jurídicas, contudo continuou a derramar sua experiência de grande causídico a quem o procurava.

O povo de Santa Rita, por seus vereadores e seu prefeito, prestou uma justa homenagem dando a uma de suas ruas o nome deste cidadão que dedicou os melhores anos de sua vida dignificando o nome de nossa cidade.

Faleceu no dia 9 de janeiro de 1958 na cidade em que nasceu, aos 66 anos de idade.

Foi um mestre até o fim de sua vida.

Otto Carlos Kielblock 01/5/2007

Agradecimentos a Dna. Lurdes de Luna, Dna. Maria de Cássia, Maria Luiza Matragrano, Hélio de Luna Dias e Waldir de Luna Carneiro.

 Godofredo por Waldir de Luna.

Transcrição do texto redigido por Waldir de Luna Carneiro e que me foi entregue em 24/04/2007 em Alfenas na visita que lhe fiz em sua residência sendo cordialmente atendido na entrevista – O C Kielblock..

GODOFREDO DE LUNA

Parte da infância e da adolescência, passei com ele. Era uma figura imponente com seu metro e oitenta de altura, terno de linho e chapéu de palheta, em moda na época. Diariamente, em sua residência, recebia amigos e discutiam, horas a fio, a situação do país, a atuação dos políticos e partido em evidência. Era considerado um dos maiores advogados da região. Os jovens bacharéis, vindo às faculdades do Rio, de Belo Horizonte e São Paulo o consultavam. Algumas vezes o acompanhei, quando advogava em cidades vizinhas, e via logo que era uma personalidade querida e respeitada onde quer que estivesse exercendo sua profissão. Seu amor aos livros, fossem jurídicos, históricos ou de simples ficção o fascinavam e seus comentários sobre autores da atualidade eram de uma subtileza sem par. Com ele, ainda adolescente, aprendi amar os livros, e os livros daquele tempo eram jóias raras; sua biblioteca, um recanto de autores consagrados. Nos meus apertos de colegial, às voltas com traduções de francês, socorria-me, era profundo conhecedor da língua de Pascal. Premiava-me com livros e adquiria, para nós, seus sobrinhos, toda obra de Edgar Wallace e Agatha Christie; era um apaixonado leitor de romances policiais. Apreciador de óperas fazia-me ouvir, pelas transmissões do rádio, trechos de Verdi, Puccini, Donizetti além das canções italianas e não escondia elogios a Orlando Silva e Francisco Alves. De ar circunspeto tinha um humor que às vezes não sabia esconder. Nos carnavais era um admirador dos foliões que desfilavam nas praças e ruas da cidade e certa vez chegou a emprestar seu anel de advogado, – rubi e diamantes – ao chefe do bloco dos Democráticos, para que o colocasse no turbante de sua fantasia indiana. Assim era ele, desprendido das coisas que julgávamos importantes e sempre voltado às coisas da arte, do espírito e da inteligência. Aos 50 anos, acometido pela mesma doença de Humberto de Campos, retirou-se das lides jurídicas, mas continuava derramar sua experiência de grande causídico a quem o procurava. Foi um mestre até o fim de sua vida.

Waldir de Luna Carneiro Abril – 2007